domingo, 22 de junho de 2008

Lições do Global Fórum da América Latina

Prezados amigos, se uma lição calou forte após os 3 dias de debates realizados no GFAL, certamente foi a necessidade de se mudar, acelerar e aprimorar os processos de educação em nosso país. O desafio criado pelo atraso em que nos encontramos justifica a adoção de medidas radicais e vontade real de mudar algo que não está sendo eficaz.
Do primeiro aos graus que denominam da Academia insistimos em processos clássicos de educação. Esquecemos as dimensões de nossa terra assim como a sua diversidade cultural e econômica. Progredimos lentamente, ficando cada vez mais distantes do Primeiro Mundo.
Podemos mudar, podemos crescer, temos condições de transformar pelo menos o Brasil. Dominamos tecnologias e possuímos recursos para implementar processos eficazes em tempos recordes, é só querer, simplificar, decidir, agir.
O ensino à distância é um recurso poderosíssimo que tem tudo para ser mais eficaz e menos caro. Melhor ainda, com qualidades inerentes ao processo que deverão transferir responsabilidades para os alunos, evitando-se o que ouvimos durante o GFAL, de que “nossos estudantes entram nas universidades cheirando a leite e saem com cheiro de cerveja...”. Atavicamente vemos nossa juventude como crianças grandes. Tratamos os jovens como se fossem estudantes de cursinho e esquecemos de formar profissionais.
No ensino à distância a responsabilidade pelo cumprimento do programa é do aluno e não do professor, que tem a missão de orientar, tirar dúvidas e avaliar quando o estudante se considerar capaz de prestar exames. Perfeito e adequado a uma população carente de recursos, tempo, mas sedenta por uma formação que lhe dê independência e capacidade de trabalho. Quem não quer, não merece a atenção de professores.
Pior ainda, em nosso país temos poucos livros técnicos de boa qualidade, atualizados e acessíveis a todos que pretendam estudar. Já não dispomos dos livros das “Edições da Paz”, livros russos que salvaram muitos estudantes pobres. Mais ainda, a evolução das ciências, Engenharia, Arquitetura, Medicina e todas as grandes profissões é rápida demais para depender de livros de papel, encadernados etc como descreve nossa Lei do Livro, exemplo perfeito de um conservadorismo primário e alienado até na falta de orientação para as inúmeras formas de se garantir compensações pelo direito autoral.
Satélites, fibras óticas, computadores portáteis, pendrives, internet, enfim, tudo se ajusta para a implementação de cursos à distância. Naturalmente para quem mora em grandes centros existe a possibilidade de acesso a grandes museus, laboratórios, indústrias e centros culturais fantásticos. E quem está lá na fronteira? No meio de nossas florestas ou no cerrado?
Sustentabilidade, indicadores do milênio, quanto devemos ensinar. Vamos atender essa demanda dentro de processos tradicionais de ensino?
Se não agirmos rapidamente chegaremos tarde. Ensinar é preciso, ser realista mais ainda. Literatura eletrônica e o ensino à distância são a solução para nossos problemas educacionais se o fizermos de forma inteligente. Temos capacidade?

Cascaes
22.6.2008

3 comentários:

Anônimo disse...

O progresso de um país depende da educação, de uma boa formação profissional. Tomara que toda essa luta não fique só no papel!

Anônimo disse...

Vou confessar minha ignorância a respeito dos comentários que fazemos sobre "nosso país". Desconheço se a educação formal anda muito melhor em outros países, dos chamados desenvolvidos. Mas com uma coisa concordo plenamente: temos uma cultura de "dependência" que nos pesa mais que a gravidade. Os alunos "esperam" que o professor os ensine, o empregado "espera" que o patrão os proteja, o cidadão "espera" que o Estado o apoie. Creio que uma coisa urgente em nosso país é essa transformação cultural: tornarmos o país (todos os cidadãos) adulto. Para isso, temos que incrementar a cultura da responsabilidade. A impunidade já é um sintoma dessa cultura da dependência, que trata a todos como "coitadinhos".
Francisco Pucci.

Franco Rovedo disse...

Um dos maiores educadores a distância do momento, Otto Peters,
definiu 3 princípios pelos quais devem ser norteados a educação de um povo. São eles: ESTRUTURA - AUTONOMIA - DIÁLOGO. Por estrutura ele entende que alguém competente deve formatar os objetivos de estudo e estruturá-los. O diálogo não é apenas entre aluno e professor e muito menos afirma que este deve ser presencial. O diálogo é entre todos envolvidos no processo. A autonomia deve ser concedida e acima de tudo fomentada.
Só para lembrar que na Inglaterra, uma pessoa que faz os cursos da OPEN University, que é inteiramente a distância, ganha mais do que aquele que cursou um cursos presencial. Autonomia, lá, é sinônimo de boa atitude. Aquí é rebeldia e "indisciplina".