segunda-feira, 29 de setembro de 2008

O Estado deixou de ser o problema para voltar a ser a solução

O Estado deixou de ser o problema para voltar a ser a solução. Caixa de entrada
Pucci 28 de setembro de 2008 14:03
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DEBATE ABERTO

O impensável aconteceu

O Estado deixou de ser o problema para voltar a ser a solução; cada país tem o direito de fazer prevalecer o que entende ser o interesse nacional contra os ditames da globalização; o mercado não é, por si, racional e eficiente, apenas sabe racionalizar a sua irracionalidade e ineficiência enquanto estas não atingirem o nível de auto-destruição.

Boaventura de Sousa Santos

A palavra não aparece na mídia norte-americana, mas é disso que se trata: nacionalização. Perante as falências ocorridas, anunciadas ou iminentes de importantes bancos de investimento, das duas maiores sociedades hipotecárias do país e da maior seguradora do mundo, o governo dos EUA decidiu assumir o controle direto de uma parte importante do sistema financeiro.

A medida não é inédita pois o Governo interveio em outros momentos de crise profunda: em 1792 (no mandato do primeiro presidente do país), em 1907 (neste caso, o papel central na resolução da crise coube ao grande banco de então, J.P. Morgan, hoje, Morgan Stanley, também em risco), em 1929 (a grande depressão que durou até à Segunda Guerra Mundial: em 1933, 1000 norteamericanos por dia perdiam as suas casas a favor dos bancos) e 1985 (a crise das sociedades de poupança).

O que é novo na intervenção em curso é a sua magnitude e o fato de ela ocorrer ao fim de trinta anos de evangelização neoliberal conduzida com mão de ferro a nível global pelos EUA e pelas instituições financeiras por eles controladas, FMI e o Banco Mundial: mercados livres e, porque livres, eficientes; privatizações; desregulamentação; Estado fora da economia porque inerentemente corrupto e ineficiente; eliminação de restrições à acumulação de riqueza e à correspondente produção de miséria social.

Foi com estas receitas que se “resolveram” as crises financeiras da América Latina e da Ásia e que se impuseram ajustamentos estruturais em dezenas de países. Foi também com elas que milhões de pessoas foram lançadas no desemprego, perderam as suas terras ou os seus direitos laborais, tiveram de emigrar.

À luz disto, o impensável aconteceu: o Estado deixou de ser o problema para voltar a ser a solução; cada país tem o direito de fazer prevalecer o que entende ser o interesse nacional contra os ditames da globalização; o mercado não é, por si, racional e eficiente, apenas sabe racionalizar a sua irracionalidade e ineficiência enquanto estas não atingirem o nível de auto-destruição; o capital tem sempre o Estado à sua disposição e, consoante os ciclos, ora por via da regulação ora por via da desregulação. Esta não é a crise final do capitalismo e, mesmo se fosse, talvez a esquerda não soubesse o que fazer dela, tão generalizada foi a sua conversão ao evangelho neoliberal.

Muito continuará como dantes: o espiríto individualista, egoísta e anti-social que anima o capitalismo; o fato de que a fatura das crises é sempre paga por quem nada contribuiu para elas, a esmagadora maioria dos cidadãos, já que é com seu dinheiro que o Estado intervém e muitos perdem o emprego, a casa e a pensão.

Mas muito mais mudará. Primeiro, o declínio dos EUA como potência mundial atinge um novo patamar. Este país acaba de ser vítima das armas de destruição financeira massiça com que agrediu tantos países nas últimas décadas e a decisão “soberana” de se defender foi afinal induzida pela pressão dos seus credores estrangeiros (sobretudo chineses) que ameaçaram com uma fuga que seria devastadora para o actual american way of life.

Segundo, o FMI e o Banco Mundial deixaram de ter qualquer autoridade para impor as suas receitas, pois sempre usaram como bitola uma economia que se revela agora fantasma. A hipocrisia dos critérios duplos (uns válidos para os países do Norte global e outros válidos para os países do Sul global) está exposta com uma crueza chocante. Daqui em diante, a primazia do interesse nacional pode ditar, não só proteção e regulação específicas, como também taxas de juro subsidiadas para apoiar indústrias em perigo (como as que o Congresso dos EUA acaba de aprovar para o setor automóvel).

Não estamos perante uma desglobalização mas estamos certamente perante uma nova globalização pós-neoliberal internamente muito mais diversificada. Emergem novos regionalismos, já hoje presentes na África e na Ásia mas sobretudo importantes na América Latina, como o agora consolidado com a criação da União das Nações Sul-Americanas e do Banco do Sul. Por sua vez, a União Européia, o regionalismo mais avançado, terá que mudar o curso neoliberal da atual Comissão sob pena de ter o mesmo destino dos EUA.

Terceiro, as políticas de privatização da segurança social ficam desacreditadas: é eticamente monstruoso que seja possível acumular lucros fabulosos com o dinheiro de milhões trabalhadores humildes e abandonar estes à sua sorte quando a especulação dá errado. Quarto, o Estado que regressa como solução é o mesmo Estado que foi moral e institucionalmente destruído pelo neoliberalismo, o qual tudo fez para que sua profecia se cumprisse: transformar o Estado num antro de corrupção.

Isto significa que se o Estado não for profundamente reformado e democratizado em breve será, agora sim, um problema sem solução.

Quinto, as mudanças na globalização hegemônica vão provocar mudanças na globalização dos movimentos sociais que vão certamente se refletir no Fórum Social Mundial: a nova centralidade das lutas nacionais e regionais; as relações com Estados e partidos progressistas e as lutas pela refundação democrática do Estado; contradições entre classes nacionais e transnacionais e as políticas de alianças.


Boaventura de Sousa Santos é sociólogo e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal).

Qual é o problema? Sei lá!

Por Mauro Kahn & Pedro Nobrega do Clube do Petróleo www.clubedopetroleo.com.br

A primeira reação à pergunta “qual é o problema?” quase sempre resulta em um desesperado “não sei!”, acompanhado de uma busca ansiosa por alguém que possa nos ajudar a descobrir. Poucas pessoas são motivadas para reconhecer o real problema ou estão mesmo dispostas a procurá-lo, esquecendo que saber onde se escondem as causas já é meio caminho andado para corrigir as conseqüências.

A maioria de nós raciocina a partir das conseqüências, gastando todos os esforços na direção errada. Se você ainda pensa que estou brincando, peço apenas que procure lembrar-se daquele seu automóvel que algum dia apresentou defeito e obrigou-o a jogar rios de dinheiro fora (até chegar ao real problema daquele carro). Pense também no caso de uma doença que médicos não conseguem diagnosticar em um determinado paciente e tratam com os mais diversos remédios, apenas agravando a situação.

Tenha em mente que, quando estamos tratando de empresas, a situação fica ainda pior, pois ao invés de aproximar-se do doutor e explicar tudo o que está sentindo, os “stakeholders” (funcionários, contratados, clientes e fornecedores) na maioria dos casos simplesmente omitem – ou mesmo distorcem – suas objeções por desejo de atender aos seus próprios interesses.

Durante a década de 90 vivemos o “boom da qualidade total”, quando perseguia-se de maneira utópica um modelo milagroso através do qual não haveriam mais erros em nenhum processo executivo. Este mito gerou um exército de especialistas, craques em descobrir problemas e propor soluções. O jargão do mercado era “Vamos eliminar imediatamente as ‘não conformidades’!” e o temido “fazer certo desde a primeira vez”. Os "sponsors" dos projetos insistiam na meta de 0% de erro. Na época, eu me adaptava, era bom nisso e obediente por inexperiência, mas confesso que nunca deixou de me incomodar esta concepção um tanto idealizada de que tudo deveria sair sempre perfeito. Não deixo de acreditar na melhoria continua, mas tenho certeza de que nunca faltam aspectos para corrigir e gerenciar.

Como vivemos em um mundo cheio de “não conformidades” – onde os processos mudam a todo instante influência de forças externas – a maior de todas as habilidades está justamente na capacidade de ser flexível e aceitar a mudança, reagindo aos problemas e antecipando as crises. É um fato que precisamos estar sempre nos aprimorando e reduzindo os riscos de nossos projetos na medida do possível; no entanto, sejamos sinceros: no fim das contas, o que realmente importa é sermos mais competentes que os nossos concorrentes.

Hoje, os bons consultores em gestão ainda utilizam as ferramentas dos anos 90 para trabalhar a melhoria dos processos, sendo algumas das mais utilizadas o “Brainstorming” (tempestade cerebral), o Diagrama de Ishikawa (ou Diagrama de Causa e Efeito) e as conclusões teóricas do economista italiano Vilfredo Pareto. Com ferramentas como estas, simples e eficazes, já assisti verdadeiras revoluções dentro de algumas empresas.

Claro que, embora esteja certo de que a “qualidade total” seja um mito, jamais poderia negar a importância da qualidade em si, muito menos na Indústria do Petróleo (na qual é fundamental que você conheça seus problemas para não gerar largos prejuízos). Gosto de lembrar que nunca é demais, por exemplo, atualizar sua análise “SWOT” (diagrama onde identificamos as pontos fracos, pontos fortes, ameaças e oportunidades da empresa e/ou de seus projetos), pois errar na Indústria do Petróleo geralmente custa muito caro, significando até mesmo a morte (em casos de alto risco). Um erro pode gerar um prejuízo de milhões de dólares e até mesmo a perda de um cliente, já que as empresas do setor são todas muito exigentes, trabalham com prazos apertadíssimos e tecnologia de ponta. Sempre procurei e ainda procuro trabalhar conceitos como esses durante as aulas de Marketing e de Projetos que ministro e oriento em nosso curso de Gestão de Negócios em Petróleo & Gás, certo de que sem eles dificilmente haverá um profissional adequado para o gerenciamento de uma empresa. Erros sempre acontecerão, não há dúvidas, mas o verdadeiro profissional tem de estar preparado para reagir quando for a hora.

Por esta razão, no Clube do Petróleo nossos clientes são sempre orientados a desenvolver ao máximo seus recursos humanos e a sistematizarem os processos, de maneira a poder otimizá-los (ganhando em agilidade nos ajustes e maior capacidade reativa). É fundamental, no entanto, definir e apurar responsabilidades antes de assumir qualquer outro passo. Lembre-se que todo sucesso deve ser premiado e toda incompetência eliminada.

Mauro Kahn & Pedro Nobrega - Clube do Petróleo - Leia outros artigos e os primeiros desta série acessando o site www.clubedopetroleo.com.br

Aproveite e conheça os três treinamentos do Clube do Petróleo: Gestão de Negócios em Petróleo & Gás, Geopolítica & História do Petróleo e o tradicional Direito do Petróleo Avançado, cursos desenvolvidos de acordo com a nova realidade da Indústria do Petróleo Brasileira.

* Publicação e divulgação integral deste artigo estão autorizadas desde que sejam preservados os créditos de autoria e mantido inalterado o conteúdo.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Projeto Zumbi - Mauá

Projeto Zumbi - Mauá

sábado, 20 de setembro de 2008

Normas Técnicas Brasileiras e Acessibilidade

OFÍCIO Ao Conselheiro da ABNT 1
Normas Técnicas Brasileiras 4
A ABNT e as pessoas com necessidades especiais 5
Agência Brasileira de Normatização e Qualidade - ABNQ 6
Pesquisa e desenvolvimento 8


OFÍCIO Ao Conselheiro da ABNT

Ao Conselheiro da ABNT
Dr. Dorival Heeren

Assunto: Normas Técnicas Brasileiras
Tema: acessibilidade
Ênfase: participação


Prezado Dr. Dorival

O Decreto Federal 5.296 de 2 de dezembro de 2004 regulamenta as leis 10.048 de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas portadoras de necessidades especiais, e a lei 10.098 de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade.
Esse decreto cita 32 vezes a ABNT, ou seja, o padrão de equipamentos e serviços dependerá de decisões dessa entidade, com a imensa responsabilidade de estabelecer normas brasileiras, mais ainda agora, quando deverá ajustar padrões existentes a pessoas que se sentem excluídas, agredidas, humilhadas em conseqüência de limitações físicas, mentais, sensoriais ou múltiplas.
Sabemos que em todas as atividades existem situações de exclusão que são extremamente preocupantes. Qualquer estatística mostrará processos que penalizam as pessoas portadoras de deficiências. Nesse cenário encontramos os idosos, os cadeirantes, os surdos, cegos etc. Quanto tempo deverão esperar até que as cidades mudem, que os sistemas de transporte se ajustem, que nas escolas encontrem a tão decantada acessibilidade, motivo de inúmeros seminários, congressos, etc?
Assim ousamos sugerir que:
• A ABNT crie grupos especiais para as mudanças propostas no decreto federal 5.296 de 2004;
• Amplie a participação nesses grupos de trabalho convidando entidades dedicadas a pessoas com necessidades especiais;
• Proponha a presença de representantes dos CREAs, OAB e outras entidades de classe
• Viabilize um portal de discussão dessas normas para agilizar as contribuições e possibilitar a participação de entidades sem condições financeiras de envio de representantes.
Exemplificando: ficamos preocupados ao descobrir que o transporte rodoviário poderá demorar em ter novos padrões de construção de carrocerias com mudanças que garantam acessibilidade às pessoas com restrições de mobilidade. Os ônibus para o transporte interurbano de longo curso são veículos feitos, de modo geral, sem qualquer atenção em relação a passageiros obesos, cadeirantes, idosos etc. Os fabricantes continuam encarroçando, colocando ônibus novos em linha, que continuarão operando durante muitos anos, até serem substituídos. Enquanto funcionam sem acessibilidade prolongam sofrimentos e humilhações que já deveriam ser lembranças de um passado odioso, até porquê há muitos anos existem soluções técnicas razoáveis. Essa condição não impede, contudo, a exportação de veículos melhores, com adaptações, de uso universal etc, demonstrando-se a capacidade da nossa indústria e o melhor nível de muitos países estrangeiros, sob normas de acessibilidade já implantadas.
Entendemos que muitos brasileiros passam por dificuldades imensas, independentemente de suas condições sensoriais, físicas e mentais. Precisam de ajustes nas cidades em que vivem, carecem de equipamentos amigáveis, dependem de atenção das autoridades de plantão.
Esperar grandes mudanças em curto prazo é utopia. O mínimo que podemos e devemos pretender é cobrar agilidade de órgãos que afetam diretamente a vida dos brasileiros. Diante do quadro legal existente o alvo maior é a ABNT que, a partir da regulamentação da Lei Federal 10.048/2000, deverá tomar decisões de grande responsabilidade, justificando-se aí o convite a entidades de classe, Poder Judiciário, Ministério Público e ONGs dedicadas a portadores de deficiências e idosos.
Assim agindo a ABNT estará se resguardando de futuras objeções (naturais, inevitáveis) e atuando democraticamente, colocando em discussão pública questão tão importante quanto a reforma de nossas normas para atender as pessoas com necessidades especiais.

Sem mais para o momento, subscrevemo-nos
Atenciosamente

João Carlos Cascaes
Presidente da Associação Brasileira de Defesa Cívica - ABDC
Coordenadas:
jccascaes@onda.com.br
Rua Dorival Pereira Jorge, 282, Vila Isabel, Curitiba PR 80320-060
Telefone: x41 3242 7082, Fax: x41 3343 7226, Celular: x41 9612 8826


Normas Técnicas Brasileiras

Qualquer cidadão ao adquirir algum produto industrializado estará recebendo algum produto que deverá ter sido feito de acordo com normas técnicas específicas. Isso é importantíssimo, pois assim sendo estará protegido contra desvios que poderiam ser perigosos à sua saúde ou lhe criando prejuízos financeiros e econômicos.
A qualidade pré-definida em normas também se aplica à prestação de serviços. Concessionárias de energia, água, esgoto, transporte etc estão sujeitas a normas e regras que deveriam ser de domínio público, isso sem contar os seus contratos de concessão ou permissão, documentos que deveriam ser visíveis em algum portal da cidadania, a partir dos municípios e indo até o plano federal.
Por alguma razão inexplicável no Brasil é muito difícil ter acesso a contratos, normas, regulamentos etc. Portais confusos, quando existem, mostram alguma coisa. A maioria desses documentos é objeto de iniciados abonados, em condições de estudar, entender e pagar por informações.
A ABNT (Fundada em 1940, a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – é o órgão responsável pela normalização técnica no país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. É uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como Fórum Nacional de Normalização – ÚNICO – através da Resolução n.º 07 do CONMETRO, de 24.08.1992.) cria normas técnicas que são vendidas e custam caro. Ou seja, se qualquer cidadão quiser saber se o copo de vidro que comprou está dentro do que estabelece alguma norma ABNT deverá pagar um valor muito superior ao do copo para comprar uma coleção de normas que regeram esse vasilhame. De que maneira o indivíduo poderá se defender?
Por algum mistério brasileiro, suas normas técnicas foram atribuídas a uma entidade privada. Sua criação mostra bem o espírito da época, quando nosso Brasil vivia de exportar café e açúcar, mal querendo saber de produtos brasileiros. E nossos industriais queriam, como até hoje provavelmente continuam desejando, distância de qualquer ação governamental. O lado ruim dessa diretriz é a dependência de decisões tomadas por entidades privadas (longe dos olhos da nação) em torno da qualidade e segurança de equipamentos e serviços criados em nosso país.
Sabemos que a maioria das normas é decidida por representantes de nossas indústrias. Quem defende o povo? Como são escolhidos? Qual é a credibilidade desses personagens?
O interessante é que navegando no portal da ABNT descobrimos que muitos espaços de informação são restritos. Por quê tanto segredo? De quem se escondem?
O governo federal se dispõe a contratar milhares de pessoas, assume serviços, distribui benefícios de acordo com seus critérios, poderia, perfeitamente, encampar a ABNT. Se para isso for necessária alguma lei, que a produza, se possível via Medida Provisória.
A ABDC – Associação Brasileira de Defesa Cívica - foi criada para, entre outras coisas, lutar contra a alienação de nossas autoridades e a falta de atenção do contribuinte brasileiro, do consumidor que paga e não sabe o que está recebendo. É urgente mobilizar a sociedade brasileira para uma cobrança mais enérgica dos seus direitos no intuito de se construir uma sociedade bela e justa. Nós da ABDC procuramos o caminho dessa vigilância, o desafio é encontrar uma forma eficaz de luta.
Estamos em período eleitoral. É triste ver a plataforma política da maioria dos candidatos. Para os cargos maiores da nação chega a ser exasperante sentir a falta de inspiração dos candidatos. Talvez em conseqüência da fase policial que o país vive, os discursos são de porta de cadeia ou, para variar, dizem que privilegiarão a educação e distribuirão bolsas, abonos, salários e outros benefícios.
O assunto Normas Técnicas Brasileiras vale para todo tipo de debate. É emblemático. Mostra bem o nível de distanciamento dos problemas brasileiros, menos dos seus responsáveis, mais das nossas autoridades que ainda não perceberam a importância dessa instituição, dos seus produtos e da necessidade de oferecê-los sem custos, sem burocracia, com agilidade e eficácia a todos os brasileiros.

Cascaes
4.9.2006

A ABNT e as pessoas com necessidades especiais

O Decreto Federal 5296 de 2 de dezembro de 2004 regulamenta as leis 10.048 de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas portadoras de necessidades especiais, e a lei 10.098 de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade. Ótimo!
Esse decreto cita 32 vezes a ABNT, ou seja, o padrão de equipamentos e serviços dependerá de decisões dessa entidade privada sem fins lucrativos, distante, contudo, dos olhos da nação.
Pior ainda, a ABNT certamente terá suas prioridades dominadas pelos seus associados mais diligentes. Assim, quem garante que a eles interessará mudar padrões que suas empresas adotaram há muito tempo?
Infelizmente precisamos duvidar para poder questionar e cobrar explicações.
Sabemos que em todas as atividades existem situações de exclusão que são extremamente preocupantes. Qualquer estatística mostrará retardos em processos que penalizam as pessoas portadoras de deficiências. Nesse cenário encontramos os idosos, os cadeirantes, os surdos, cegos etc. Quanto tempo deverão esperar que as cidades mudem, que os sistemas de transporte se ajustem, que nas escolas encontrem a tão decantada acessibilidade, motivo de inúmeros seminários, congressos, etc?
O poder político sobre as entidades que governam nosso país é importante e deve ser exercido com maior ou menos rigor, conforme for o caso, a gravidade, a urgência. Assim cumpre-nos perguntar, não seria justo mudar a ABNT? Não seria o momento de se criar uma agência federal dedicada à criação de normas industriais, de serviços etc?
Naturalmente uma entidade que sobrevive graças a contribuições espontâneas e à venda de seus produtos terá suas decisões afetadas pelas necessidades dos seus sócios. Deslocando-a para o quadro de agências que se formou em nosso país, teremos, pelo menos, a viabilização de serviços sem outros custos que os fiscais, no bolo de despesas da União, onde se gasta muito dinheiro em serviços menores e diversos.
Um exemplo que nos deixou preocupados foi descobrir que o transporte rodoviário demora em ter novos padrões de construção de carrocerias com mudanças que garantam acessibilidade às pessoas com restrições de mobilidade. Os ônibus para o transporte interurbano de longo curso são veículos feitos, de modo geral, sem qualquer atenção em relação a passageiros obesos, cadeirantes, idosos etc. Os fabricantes continuam encarroçando, colocando ônibus novos em linha, que continuarão operando durante muitos anos, até serem substituídos. Enquanto funcionam sem acessibilidade, sem qualquer preocupação com as pessoas com restrições de mobilidade, prolongam sofrimentos e humilhações que já deveriam ser lembranças de um passado odioso, até porquê há muitos anos existem soluções técnicas razoáveis.
O Ministério Público pode ajudar muito cobrando, energicamente, um cronograma de atendimento da ABNT ao que foi estabelecido no Decreto 5296/2004. O Poder Executivo, em todos os seus níveis, teria como agilizar decisões, acenando, inclusive, com mudanças drásticas nos órgãos encarregados de criar normas técnicas. Acima de tudo precisamos de vontade política.
Entendemos que muitos brasileiros passam por dificuldades imensas, independentemente de suas condições sensoriais, físicas e mentais. Precisam de ajustes nas cidades em que vivem, carecem de equipamentos amigáveis, dependem de atenção das autoridades de plantão.
Esperar grandes mudanças institucionais em curto prazo é utopia. O mínimo que podemos e devemos pretender é cobrar agilidade de órgãos que afetam diretamente a vida dos brasileiros. Diante do quadro legal existente o alvo maior é a ABNT. ONGs, Ministério Público e lideranças dedicadas às pessoas especiais precisam focar as atribuições e responsabilidades da Associação Brasileira de Normas Técnicas e pressionar para decisões que são essenciais à garantia da acessibilidade do cidadão brasileiro à vida digna, justa e merecida.

Cascaes
5.9.2006


Agência Brasileira de Normatização e Qualidade - ABNQ

Poucas pessoas terão consciência da importância das normas técnicas.
Todos, de modo geral, valorizarão a qualidade, não perdendo de vista o custo associado a qualquer exigência de melhor padrão.
A indústria tem seus projetos de produção sobre documentos (as normas técnicas). nacionais e internacionais que definem tolerâncias, precisões e tipos de produtos.
O comércio internacional existe também graças a acordos que estabelecem limites de qualidade além de conceituarem o que se entende por isso ou aquilo.
Concessionárias de serviços públicos precisam de contratos de concessão, regulamentos, normas de toda espécie, tudo para garantir aos seus clientes serviços e produtos coerentes com suas obrigações e as necessidades dos cidadãos e empresas atendidos. O estabelecimento dessas condições de contorno é essencial à defesa do consumidor; sem contratos e acordos explícitos e bem definidos o poder das concessionárias será dominante nas relações empresa/nação, existindo aí uma série de riscos de atendimento e de abuso econômico.
A democracia e a liberdade são diretamente proporcionais ao estado de Direito, onde as leis existem para serem cumpridas e elas próprias precisam conter elementos de exercício da individualidade e do associativismo, as duas ações, ainda que antípodas, convergindo para uma negociação de espaços que preserve a dignidade humana.
Nesse contexto torna-se fundamental a existência de entidades dedicadas à normatização e ao estabelecimento de padrões de confiabilidade, qualidade e custos. O ideal é que essas instituições sejam livres sob vigilância democrática e do Poder Judiciário e que ofereçam seus serviços sem custos diretos, sobrevivendo dentro do orçamento do estado, de onde se espera a sustentação de entidades de utilidade pública. No Brasil, para a criação de padrões temos a ABNT.
Portal http://www.abnt.org.br/home_new.asp, fundada em 1940, a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – é o órgão responsável pela normalização técnica no país... É uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como Fórum Nacional de Normalização – ÚNICO – através da Resolução n.º 07 do CONMETRO, de 24.08.1992... A ABNT é a única e exclusiva representante no Brasil das seguintes entidades internacionais: ISO – International Organization for Standardization, IEC – International Electrotechnical Comission, COPANT – Comissão Panamericana de Normas Técnicas, AMN – Associação Mercosul de Normalização. Além disso, é acreditada pelo INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), o qual possui acordo de reconhecimento com os membros do IAF (International Acreditation Forum) para certificar Sistemas de Gestão da Qualidade (ABNT NBR ISO 9001) e Sistemas de Gestão Ambiental (ABNT NBR ISO 14001) e diversos produtos e serviços).)
Ou seja, governa nosso país em muitos aspectos delicados de nosso dia a dia.
Vivemos no mundo da Internet. Nada mais justo do que a disponibilização de todas as normas técnicas, sem qualquer custo, para quem delas se interesse. Além disso, em locais públicos, bibliotecas e em lugares de atendimento ao público externo por indústrias, concessionárias, empresas de serviço etc deveria existir, para uso de seus clientes, terminal Internet ou algum caderno de normas relativas aos produtos vendidos ou servidos.
A produção e o gerenciamento de normas têm custos. A venda dos seus exemplares é uma fonte de renda para a ABNT. Sua sobrevivência depende, portanto, dessa exploração que limita o acesso a documentos essenciais à segurança e conforto de todos os brasileiros. Diante de tudo isso entendemos que a criação de uma agência nacional dedicada à criação e gerenciamento de normas técnicas seria a solução para o atendimento ao nosso povo, a quem o governo deve justiça e respeito em todas as suas atividades. Essa agência absorveria as atribuições da ABNT e colocaria seus produtos à disposição da nação, sem a burocracia e os custos criados pela ABNT.
Nosso governo, tão rápido em questões de menor interesse público, poderia dar um exemplo de rigor e respeito ao cidadão brasileiro criando a ABNQ – Agência Brasileira de Normatização e Qualidade por Medida Provisória, procurando agilizar sua existência pelo bem de todos e felicidade geral da nação.
Fica aí a sugestão a nossos políticos e candidatos ao governo.

Cascaes
5.9.2006

Pesquisa e desenvolvimento

O conhecimento humano é um patrimônio fértil de riquezas que precisa dar base para a criação de estruturas produtivas. As nações mais competentes sempre valorizaram a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico, conquistando riquezas que as transformaram em potências modernas. É fácil verificar essa afirmação observando o que usamos, gostamos e compramos sempre que temos algum dinheiro a mais. Os produtos estrangeiros enchem as prateleiras mais atraentes, ainda que muito caras. Na outra ponta vemos aqueles países dominados por lógicas primitivas e atividades de rotina, frágeis e dependentes do poder dos mais fortes. Alguns são grandes produtores de matéria prima, produtos semi-manufaturados e até alguns mais elaborados, sonhando com a abertura de fronteiras e fim de subsídios que os países mais ricos sustentam dentro de políticas espertas e conscientes dos interesses de seus povos.
No Brasil poucos governantes realmente valorizaram a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico. Fomos dominados por fazendeiros e negreiros no tempo do Império, time engrossado pelos cortesãos e incapaz de valorizar a sociedade industrial emergente. Tínhamos, inclusive, o culto generalizado ao ócio, menosprezando-se aqueles que trabalhavam. Esse software improdutivo resistiu aos tempos, persistindo até hoje entre muita gente que se vangloria de ganhar salários e de não produzirem nada.
Precisamos crescer, gerar empregos, formar bases que vençam barreiras e dêem ao nosso país força e vigor, estrutura para produzir o que necessitarmos, inclusive eventuais bombas e foguetes, que nos coloquem entre as potências respeitáveis (lamentavelmente, só é valorizado quem realmente possuir exércitos capazes de impor respeito, vale comparar a reação norte americana ao Iraque com a atitude desse país contra a Coréia do Norte...).
No Setor Elétrico, graças à clarividência de alguns ministros, ainda temos, apesar do quase sucateamento, laboratórios e equipes técnicas de altíssimo nível. Esses recursos humanos e materiais precisam, contudo, de objetivos nacionais, de interesse comum a nosso povo. Deveríamos, por exemplo, pesquisar intensamente a criação e produção de biocombustíveis e aprimorar fornalhas e turbinas para essas fontes de energia. Seria importantíssimo desenvolver técnicas de monitoração e controle dos sistemas de distribuição de energia elétrica, algo de baixo custo e que se aplicasse à eletrificação rural. Os famosos aerogeradores deveriam ter maior índice de nacionalização; agora nacionalizamos o vento, falta o resto. Podemos e devemos mudar conceitos de proteção de modo a fugirmos dos famigerados relés; nosso pessoal de extra-alta tensão poderia abrir espaços para os sistemas que podemos e devemos desenvolver. Será que não poderíamos criar tecnologia própria na transmissão em corrente contínua? Talvez valha a pena formar laboratórios dedicados à P&D em torno dos semicondutores. Qualidade de energia é meta específica do melhor uso da Engenharia. Para tudo isso e muito mais seria fundamental, entretanto, a implantação, por força de lei, de uma política de geração e apropriação de patentes.
O sistema brasileiro de registro de patentes é absurdamente caro e complicado. Parece que foi criado para proteger os estrangeiros.
As normas técnicas brasileiras (ABNT) deveriam ser comandadas pelo Governo Federal e oferecidas sem custo para qualquer cidadão. A internet existe e permite a publicação de assuntos dessa espécie sem custos para os usuários: o povo brasileiro.
Para consolidar conhecimentos o livro técnico eletrônico seria um veículo sensacional, ao alcance da maioria dos estudantes universitários, profissionais e pesquisadores; com certeza não faltariam patrocinadores.
Precisamos reinventar o Brasil, desviá-lo do inglório rumo à submissão ao G7 e outros Gs maldosos.
Felizmente vivemos sob democracia, assim os governos podem mudar em benefício da nação. A esperança em torno do Presidente Lula é enorme, esperança que se formou na desilusão, na frustração criada pelos últimos presidentes. O Brasil pode e deve crescer com soberania, competência e dignidade, para tanto precisamos criar uma base tecnológica brasileira forte e aplicada aos nossos interesses.

Cascaes
13.2.3

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Mundo perdido no silêncio

A luta pela vida transforma as pessoas. De modo geral pode-se sentir que o egoísmo cresce à medida que o indivíduo mergulha em seus problemas, algo natural, mas ruim quando essas pessoas têm poder, autoridade para corrigir erros que atingem a vida daqueles a quem deveriam servir, no mínimo para honrar suas promessas em clubes de serviço, em rezas e rituais de bajulação a algum ser superior e até para dizer ao final do ano, “sim, fiz algo de bom para o próximo, amei-o da maneira que gostaria de ser amado”.
Em Curitiba sentimos que a preocupação com os idosos, as crianças e o respeito às pessoas com necessidades especiais se desmancha na violência de uma cidade que já ignora o crime organizado, convive com traficantes e sente que chegar vivo em casa é um grande negócio. Naturalmente a questão “necessidades especiais do povo deficiente” não aparece no horário político como deveria. Asfalto dá dinheiro? Vamos prometer mais, no mínimo cria-se a expectativa de bonança para empreiteiros, fabricantes de cimento e os felizardos donos de automóveis.
Entre os deficientes existem aqueles mais esquecidos, mais distantes da mídia. Talvez por não externalizarem suas dificuldades e não conseguirem entender de forma adequada o que se diz à volta, os surdos, meio surdos, aqueles que têm ecofonia, todos que de uma forma ou de outra ouvem mal se isolam, deixando também de dramatizar suas necessidades.
Um exemplo de crueldade podemos encontrar nas escolas. Temos leis e decretos, existe tecnologia para a compensação da surdez, coisas tão simples como a correção da voz ou maior atenção ao aluno deficiente auditivo não acontecem porque um conjunto de artifícios deu aos mestres autonomia para desprezar seus estudantes e às escolas meios diretos e indiretos de se livrarem dos alunos que não desejam.
Temos eleições para as universidades, templos ao corporativismo. Escolas públicas, pagas pelo povo, com o dinheiro do contribuinte, se dão ao direito de escolherem entre os seus os seus diretores e reitores. As eleições, quando muito, deixam uma fatia menor do poder eleitoral para os alunos. Assim educamos nossos futuros profissionais a desprezarem a comunidade maior, o povo da cidade, a nação.
Temos solução. Bibliotecas públicas digitais, internet, equipamentos de apoio ao surdo, ao cego, ao paraplégico, ao deficiente mental, um conjunto de recursos deveria ser o desafio diuturno dos professores assim como, fora das universidades, estar na lista de prioridades dos institutos de planejamento urbano, das indústrias, do povo nas cidades em todos os seus lugares.
É fácil de perceber que o atendimento às pessoas com necessidades especiais é a última prioridade, afetando, inclusive, por extensão, os projetos bilionários de transporte coletivo urbano. Nossos fazedores de projetos são incapazes de prever recursos para as calçadas, calçadas decentes, não as pistas de obstáculos que constroem em Curitiba.
Educar, mudar currículos escolares, ensinar todos os brasileiros os 8 jeitos de mudar o mundo, atender o estudante onde ele mora, dar ao cidadão, em qualquer lugar desse Brasil gigantesco, educação e cultura é um desafio que a tecnologia viabiliza, mas, e as corporações? Perderão emprego com a internet e os sistemas de baixo custo de processamento e transmissão de dados?
Vamos investir no convencional ou aceitar as maravilhas do progresso?
Enquanto não corrigirem leis, decretos, normas etc absurdos, como as que regulamentaram a colocação de tradutores em LIBRAS nas escolas públicas brasileiras, levando a concursos que não conseguem preencher o número de vagas de professores “mandrakes” imaginados pelos especialistas do MEC, o aluno deficiente vai perdendo a escolaridade que precisa para poder trabalhar.
Nas ruas das cidades os idosos são atropelados, submetidos a acidentes porque os saudosistas decidiram manter os padrões das titias velhinhas e o Brasil prossegue preocupado com um futebol que é a cara de nossas autoridades, medíocre e caro.

Cascaes
11.9.2008

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

TI VERDE

Na onda da discussão sobre o aquecimento global, a área de TI não fica atrás. Denominada de TI VERDE, esse assunto está dominando o debate entre os grandes empresários da área no mundo. A preocupação com o caminho dado aos resíduos despejados no meio-ambiente, para diminuir ou até mesmo eliminar o impacto ambiental, está se tornando aos poucos, a nova postura das empresas.

E para quem não consegue imaginar aonde a TI entra nisso, aonde ela influencia no aquecimento global, pense na quantidade de lixo eletrônico (e-waste) que essa área gerará daqui a alguns anos. Segundo a IDC, no ano passado foram vendidos cerca de 6 milhões de desktops no Brasil (só no Brasil). Agora, imagine para onde irão todos esses equipamentos daqui uns 10 anos...uma grande parte desses equipamentos estará dividindo espaço com celulares, MP3, GPS, impressoras, etc...nos aterros. E o TI tem um passivo ambiental grave. Substâncias tóxicas são utilizadas em sua fabricação, como chumbo e mercúrio, que podem contaminar o solo ou os lençóis freáticos. Incinerar todo esse lixo também não é uma boa saída, pois os gases eliminados na incineração são altamente tóxicos e cancerígenos.

Além do lixo eletrônico, a fabricação desses equipamentos também é um problema ambiental, pois demanda muitos quilos de combustíveis tóxicos, produtos químicos e água...para a produção de uma estação de trabalho com monitor CRT de 17 polegadas, segundo as informações do livro Computers and the Environment: Understanding and Managing their impacts (Computadores e o Meio-ambiente: entendendo e gerenciando seus impactos), lançado em 2004 pela Universidade da Organização das Nações Unidas (ONU), demanda em média 240 quilos em combustíveis fósseis, 22 quilos de produtos químicos e cerca de 1,4 mil litros de água.

Bill Joy, co-fundador da Sun Microsystem, profetizou que a onda da "TI Verde" ou computação ecologicamente correta será uma revolução ainda maior do que foi a Internet, há quinze anos. E mais: as empresas que ficarem de fora dessa onda serão deixadas para trás por conta de um mercado cada vez mais exigente.

A onda da TI Verde já atingiu inclusive o Vale do Silício. Os investidores do Vale do Silício querem encontrar uma tecnologia que ajude a combater o aquecimento global. Eles estão injetando dinheiro em energia solar, células de combustível, energia eólica, biocombustíveis, chips que usam luz, redes de energia "inteligentes" e outras tecnologias inovadoras.

O fato é que, nos dias de hoje, tornou-se quase que uma obrigação você ser um indivíduo ecologicamente responsável. E as empresas, obviamente, não podem ficar de fora. Conseguir a certificação ISO 14.001 tem sido um ponto positivo, faz os seus produtos valerem mais no mercado e melhora a sua imagem. A norma ISO 14.001 inclui os elementos centrais do sistema de gestão ambiental para a certificação. A empresa que possui este certificado é capaz de atestar responsabilidade ambiental no desenvolvimento de suas atividades.

Algumas empresas já estão adotando medidas “Verdes”, como a DELL que afirma que já produz os seus equipamentos sem chumbo desde o ano passado, a HP que há mais de uma década recicla cartuchos de impressão e desde de 2000 reaproveita embalagens e ainda a Motorola que recicla suas baterias desde 1998 e os telefones já são isentos de chumbo, cádmio e mercúrio.

A TI VERDE também pode dar retorno financeiro para as empresas ao ter como objetivo economizar recursos ou reduzir gastos de energia. O importante é que a TI VERDE seja uma bandeira a ser levantada pelas empresas. Pensar verde faz criar alternativas simples que podem ajudar e muito a reduzir o impacto ambiental. Separar o lixo, programar as impressoras para imprimir na frente e no verso, fazer vídeo-conferências para diminuir o uso dos meios de transportes que poluem o ar...enfim atitudes fáceis de serem implementadas. O mais difícil é conscientizar todos da sua importância e mudar velhos hábitos. Mas, a poluição do ar, dos rios, dos mares e dos lençóis freáticos, que está acontecendo debaixo dos nossos olhos, é problema real e precisamos fazer alguma coisa para diminuir isso.

Eliana Ferreira Cascaes Correia – Engenheira da Computação, responsável pelo Departamento de Tecnologia da Informação da empresa ESTEIO Engenharia e Aerolevantamentos S.A.