sexta-feira, 5 de setembro de 2008

TI VERDE

Na onda da discussão sobre o aquecimento global, a área de TI não fica atrás. Denominada de TI VERDE, esse assunto está dominando o debate entre os grandes empresários da área no mundo. A preocupação com o caminho dado aos resíduos despejados no meio-ambiente, para diminuir ou até mesmo eliminar o impacto ambiental, está se tornando aos poucos, a nova postura das empresas.

E para quem não consegue imaginar aonde a TI entra nisso, aonde ela influencia no aquecimento global, pense na quantidade de lixo eletrônico (e-waste) que essa área gerará daqui a alguns anos. Segundo a IDC, no ano passado foram vendidos cerca de 6 milhões de desktops no Brasil (só no Brasil). Agora, imagine para onde irão todos esses equipamentos daqui uns 10 anos...uma grande parte desses equipamentos estará dividindo espaço com celulares, MP3, GPS, impressoras, etc...nos aterros. E o TI tem um passivo ambiental grave. Substâncias tóxicas são utilizadas em sua fabricação, como chumbo e mercúrio, que podem contaminar o solo ou os lençóis freáticos. Incinerar todo esse lixo também não é uma boa saída, pois os gases eliminados na incineração são altamente tóxicos e cancerígenos.

Além do lixo eletrônico, a fabricação desses equipamentos também é um problema ambiental, pois demanda muitos quilos de combustíveis tóxicos, produtos químicos e água...para a produção de uma estação de trabalho com monitor CRT de 17 polegadas, segundo as informações do livro Computers and the Environment: Understanding and Managing their impacts (Computadores e o Meio-ambiente: entendendo e gerenciando seus impactos), lançado em 2004 pela Universidade da Organização das Nações Unidas (ONU), demanda em média 240 quilos em combustíveis fósseis, 22 quilos de produtos químicos e cerca de 1,4 mil litros de água.

Bill Joy, co-fundador da Sun Microsystem, profetizou que a onda da "TI Verde" ou computação ecologicamente correta será uma revolução ainda maior do que foi a Internet, há quinze anos. E mais: as empresas que ficarem de fora dessa onda serão deixadas para trás por conta de um mercado cada vez mais exigente.

A onda da TI Verde já atingiu inclusive o Vale do Silício. Os investidores do Vale do Silício querem encontrar uma tecnologia que ajude a combater o aquecimento global. Eles estão injetando dinheiro em energia solar, células de combustível, energia eólica, biocombustíveis, chips que usam luz, redes de energia "inteligentes" e outras tecnologias inovadoras.

O fato é que, nos dias de hoje, tornou-se quase que uma obrigação você ser um indivíduo ecologicamente responsável. E as empresas, obviamente, não podem ficar de fora. Conseguir a certificação ISO 14.001 tem sido um ponto positivo, faz os seus produtos valerem mais no mercado e melhora a sua imagem. A norma ISO 14.001 inclui os elementos centrais do sistema de gestão ambiental para a certificação. A empresa que possui este certificado é capaz de atestar responsabilidade ambiental no desenvolvimento de suas atividades.

Algumas empresas já estão adotando medidas “Verdes”, como a DELL que afirma que já produz os seus equipamentos sem chumbo desde o ano passado, a HP que há mais de uma década recicla cartuchos de impressão e desde de 2000 reaproveita embalagens e ainda a Motorola que recicla suas baterias desde 1998 e os telefones já são isentos de chumbo, cádmio e mercúrio.

A TI VERDE também pode dar retorno financeiro para as empresas ao ter como objetivo economizar recursos ou reduzir gastos de energia. O importante é que a TI VERDE seja uma bandeira a ser levantada pelas empresas. Pensar verde faz criar alternativas simples que podem ajudar e muito a reduzir o impacto ambiental. Separar o lixo, programar as impressoras para imprimir na frente e no verso, fazer vídeo-conferências para diminuir o uso dos meios de transportes que poluem o ar...enfim atitudes fáceis de serem implementadas. O mais difícil é conscientizar todos da sua importância e mudar velhos hábitos. Mas, a poluição do ar, dos rios, dos mares e dos lençóis freáticos, que está acontecendo debaixo dos nossos olhos, é problema real e precisamos fazer alguma coisa para diminuir isso.

Eliana Ferreira Cascaes Correia – Engenheira da Computação, responsável pelo Departamento de Tecnologia da Informação da empresa ESTEIO Engenharia e Aerolevantamentos S.A.

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