terça-feira, 19 de agosto de 2008

Livros com tecnologia e o EAD

Visitar a “Olimpíada do Conhecimento – 2008”, promoção do SENAI, foi mais uma oportunidade para sentir o potencial ilimitado do que convencionamos denominar (pessoalmente, oficiosamente) “Livro Técnico Didático Eletrônico – LTDE”. O pesquisador Roger Amandio Luz (luzroger@gmail.com), do SENAI de Goiás, apresentou um software que, associado a imagens pré codificadas em papel (livro convencional, apostilha etc), com o apoio de uma “webcam”, mostra na tela do computador, tridimensionalmente, a figura objeto, por exemplo, uma máquina, o cérebro de uma pessoa ou alguma maquete, girando, posicionando-se conforme se movimenta a figura codificada em papel e no computador. Esse software, desenvolvido com o apoio do CNPQ, estará disponível no portal do SENAI de Goiás a partir de setembro, gratuitamente, para quem interessar. Ou seja, teremos o resultado de um projeto criado e desenvolvido no Brasil para os brasileiros (e outros que se interessarem). Neste evento pudemos observar diversas atividades de estudantes e professores do SENAI que nos dão a convicção de que nosso povo tem capacidade de inovação e competência profissional. Infelizmente muitos atrapalham, existem uma burocracia sufocante e as lógicas econômicas perversas, mas, com todas as adversidades criadas artificialmente, nossa gente, nadando contra a correnteza, pode e faz muito. Ficamos imaginando o que seríamos capazes de produzir se possuíssemos aqui o cenário de apoio à educação técnica e produção industrial que existe em países de primeira linha. Tivemos a oportunidade de visitar e estudar muitos desses centros e lá sonhamos com a possibilidade de ver algo semelhante no Brasil. Aqui alguma coisa começa a existir, estamos longe, contudo, do que poderíamos fazer. Felizmente alguma coisa sobrou da época em que nossos presidentes, ditadores que fossem, se esforçaram por gerar um ambiente sinérgico em tecnologia, que transformasse a anta brasileira em alguma onça americana. Lembramos que no Vale do Paraíba a indústria bélica nacional incomodava o dono do quintal americano e o Brasil turbinava Itaipu, a vale do Rio Doce, a CSN, a Eletrobrás, Petrobrás, Telebrás etc. Em poucas décadas saímos da nação mal desenvolvida no mato para sermos uma potência emergente. Agora os esforços, dentro e fora de nossas fronteiras, são enormes para que voltemos a dormir em berço esplêndido, talvez fragmentados em nações tropicais, ao gosto das FARC, dos contrabandistas de diamantes e nióbio, dos donos do crime organizado, cassinos etc. Podemos crescer e criar, a EMBRAPA é um exemplo fascinante. Nossa indústria agropecuária dá show, em grande parte graças ao suporte tecnológica da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Bio energia, uso racional da terra, tudo é possível em conseqüência de pesquisadores brasileiros esquecidos na penumbra de seus parcos laboratórios. Podemos crescer e ganhar tempo, devemos, contudo, mudar radicalmente nossas escolas e meios de instrução didática e pedagógica. A tecnologia viabiliza o ensino a distância, as telecomunicações permitem aulas síncronas e assíncronas em qualquer lugar desse país continental, e material didático adequado pode ser feito em apoio aos estudantes e profissionais. Em pouquíssimo tempo teríamos como produzir centenas de títulos, livros, bibliotecas completas em Engenharia, Medicina, Arquitetura, Agronomia etc., pois existem professores e pesquisadores que só precisam de algum apoio para materializarem em TICs ou Livros Eletrônicos o que sabem. Nossas escolas, gastando menos em pátios de estacionamento, salas de aula convencionais, fiscais de alunos, eletricidade etc. poderão se transformar em pólos de P&D, em espaços para professores/consultores, laboratórios, museus, áreas de debates, tudo se dermos aos alunos a responsabilidade de se formarem, deixando o mestre livre para pensar e orientar. O EAD é fantástico, mas precisa se desprender da idéia pouco inteligente e caríssima da sala virtual. O estudante universitário, principalmente, precisa ser educado a se virar, a estudar, a pesquisar e sem ter que ficar sentado, quieto e disciplinado, vendo aulas nem sempre eficazes. Lembrando que grande parte dos estudantes de terceiro grau precisa trabalhar, tem horários difíceis, deixar com eles a escolha do tempo e cadência do estudo é compreender suas dificuldades e permitir que se formem com senso de responsabilidade e determinação. Precisamos lembrar o magnífico exemplo da OAB e seu Exame da Ordem. Mais importante que apresentar diplomas, do advogado exige-se demonstração de proficiência no exame que é penoso, angustiante, difícil, mas a etapa que filtra a entrada no mercado de trabalho de uma categoria que precisa ser capaz de fazer o que diz poder. Assim também poderíamos agir na área tecnológica, onde carecemos da certeza de contratar bons profissionais, gente madura, pois das universidades, de modo geral, temos gente que “entra com cheiro de leite e sai fedendo a cerveja”, conforme ouvimos no GFAL. Radicalismos a parte, temos, podemos fazer material didático de boa qualidade, como demonstrou o Dr. Jorge Luz na “Olimpíada do Conhecimento – 2008”. Cascaes 19.8.2008

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